estarei a sonhar? não me recordo, estou demasiado alterada . engulo em seco, a minha garganta cola-se de tanta sede ; as minhas mãos acompanham o movimento do vento ; o meu corpo limita-se a viver sem uma alma presente para sorrir.
o sol continua por entre as nuvens; os campos continuam esverdeados porém encharcados com a água da chuva.
consigo contrair o maxilar , relembrar o sangue que escorre pelo meu braço.não me lembrava desta sensação , mesmo saciando-a à imenso tempo. dou socos, sim , consigo dar socos de raiva na cama. tudo explode, tudo o que sinto , tudo o que não quero sentir. sinto falta de algo , alguém , alguma coisa.
fecho os olhos, não vejo rostos conhecidos, não leio histórias que me caraterizem , não ouço músicas que me preencham a alma.
ouço o mar, ouço as ondas , sinto a brisa, sinto o cheiro a sargaço. estarei eu a ver bem? estou de mão dada com uma pessoa, uma rosto desfocado. não sei quem é , está demasiado vento e os meus olhos não conseguem abrir-se.
estou capaz de desistir, não o chego a fazer , não tenho forças. a minha alma está demasiado fraca. recorro a ajuda , a ajuda negra , quero sentir ódio de mim mesma. não consigo parar , não aguento tanta solidão , não aguento não saber que terra piso, não aguento não aguentar mais.
tudo pesa, meu corpo; meus sentimentos ; meus suspiros ; toda a cruz que eu carrego às costas.
sinto-me presa, presa entre mim.
quero gritar , quero mandar um grito de guerra , libertar esta desilusão de mim mesma.
morri, fui a mulher mais feliz do mundo.
w.h.i |